22.11.04

tomei consciência do que não me deixa aproximar dela,
não é só o medo da rejeição, é também medo dela aceitar...
percebi a verdade quando já me tinha desligado do mundo,
quando me tinha intoxicado ao ponto de não falar nem mexer,
quando os movimentos não contam, e estou sozinho para pensar.
a conclusão a que chego é a mesma, tornei me num ser complicado,
complexado e triste...
não estou sozinho nisto, reconheço essa tristeza nos que me rodeiam.
crescemos e perdemos aquela alegria pura de viver, pois agora esse
espaço é ocupado com as nossas preocupações de "adultos"...
não me sinto mais "adulto" do que há cinco, seis, sete anos atrás...
mas não deixo de ter as tais preocupações... é o esperado por todos.
sei que vai ser sempre assim, mas já não vou ao fundo a pensar nisso,
cada vez me sinto mais seguro do que tenho de fazer, do que quero fazer,
vou ganhando coragem e vontade de voltar a ocupar o meu espaço...
vou ficando cada vez mais "habituado" ao aditivo diário, ao alimento...
já está enraizado na minha vida, já sei o quê, o quando, o quanto... tudo.
pode ser díficil de acreditar mas faz me um bem tremendo,
quando o momento é certo leva me onde quero ir, sem problemas...
não é moda, não é para impressionar ninguém, não é um estilo de vida,
não é um vício decadente e degradante, não me mudou para pior.
faz tudo à nossa verdadeira imagem, é bom se nós quisermos...

"... insisto, mas é preciso recordar que a partir de agora estou
continuamente sob o efeito da droga e que as minhas reacções
são exarcebadas, multiplicadas por cem."
Charles Duchaussois