29.9.04

...fiquei preso à dor do filme, a depressão encanta.
as drogas, a familia, as pressões, a faculdade...
só existem para alimentar a depressão,
só se vive para o drama e para a tristeza.
aprende se a só ser feliz desta maneira...

um charro bem forte para me deixar dormente,
uma música triste e monótona para me embalar,
a escuridão do meu quarto para me proteger,
o maço de tabaco, o isqueiro e as lágrimas acompanham me.

e continuamos encantados por ela... vivemos para ela...
é a mais linda, a única que me ama e não me vai deixar...

27.9.04

estive lá fora à bocado a alimentar a alma...
aproveitei para brincar com os meus cães.
obriguei me a sair e viver... se ia fumar,
pelo menos iria fazê lo ao sol, à luz...
fora da escuridão do meu lugar de afecto.
o dia, para mim, está óptimo... mas aqui,
sempre sei o que posso esperar, estou seguro...

25.9.04

estou na garagem, o rui dorme no sofá...
quis me aproveitar da X e ela está me
a por no meu lugar, afinal eu mereço...

antes pensei na mafalda, só pensei na mafalda... a mafalda...
porque é que apenas agora, depois de ter fumado e bebido,
consigo enfrentar estes sentimentos e desejos... vergonha.
afinal de contas sou "virgem" nestas lides... que piada...

tentei falar com a sofia... quero tudo, quero uma escapatória...
mas com a mafalda é diferente, mas devia ser com a X, mas...
o que é que quero? o que é que eu posso? não posso nada...
quero o que não posso ter... desprezei aquilo que pude ter
(para a próxima não ligo a questões morais... não interessam,
para estar agora assim como estou... não interessam...)

24.9.04

a ignorância e o paternalismo deixam me louco.
já não aguento receber lições "sobre a droga",
de pessoas que não fazem ideia do que estão a
falar... detesto reconhecer aquela expressão
de "perdoem no que ele não sabe o que faz"...

quando não faço a mínima ideia do que se está
a falar... calo me e oiço para aprender...
não me ponho a dar conselhos estúpidos e sem
qualquer fundo de verdade... porque não sabem!

confiar nos outros... não confiar em ninguém...
quantas vezes discuti isto com o meu pai.
até me provarem o contrário, eu confio...
no entanto, continuam a trair a minha confiança.
quando me abro totalmente para os outros
é porque preciso, é porque sou assim, e é assim
que os outros me devem de conheçer...
hoje tenho de dar razão ao meu pai...

18.9.04

devia de estar neste momento cheio de vida...
fiz hoje o meu último exame de época especial.

estou afundado na escuridão do meu lugar de afecto.
penso no que não fiz e deveria ter feito...
a culpa invade me e não me deixa viver.
eu mereço a tristeza, mereço o pânico, o medo...
eu tenho consciência do que quero, do que é
esperado de mim... mas não tenho força,
não tenho vontade, já esqueçi o que é ter "orgulho"...

hoje vou festejar o aniversário da irmã.
vou fumar assim que puder e vou esquecer,
vou "ser feliz" pela irmã... por muito que escreva não
vou conseguir demonstrar todo o amor que sinto...

9.9.04

um três : quatro cinco

hoje acordei num mar de contradições.
mal posei os pés no chão senti vontade de fumar.
aos primeiros sintomas de que lá tinha chegado,
arrependi-me... mas continuei a fumar...
nem sequer abri uma janela para ver o novo dia.

um seis: dois seis

vou para o jardim brincar com os meus cães,
está um dia óptimo...

8.9.04

em vez de tentar fumar o mais cedo possível,
agora tento adiar o momento...
não me estou a sentir bem assim, sozinho.
à dez minutos atrás não queria mais nada...

agora, estes momentos, não são de euforia e paz.
são de ansiedade e desassossego, são de culpa.

mas continuo cá, desconfortável na minha pele,
só posso mudar, não tenho outra hipótese...
espero que aconteça rápido, não quero afundar mais...

1.9.04

as nossas vidas são demasiado complicadas...
podia ser muito mais simples, sem que isso
signifique que fossem mais aborrecidas.
já não gosto de surpresas...

no meio desta doença ainda descubro
motivos para sorrir, para ser feliz.
são tantos, são simples, são puros...
são verdadeiros e só existem em mim.
são comos os teus, aqueles só teus...
preciso de estudar para os exames de setembro.
neste momento não tenho vida para nada...

a única coisa que realmente quero é ficar aqui,
sozinho, com o telemóvel desligado, sem precisar
de dar explicações a ninguém... sozinho.
ouvir as músicas mais belas e tristes, lentas.
pensar e viajar no que me deixa feliz...

dois... três anos, já não sei à quanto tempo
não falo com ela... não importa, não é nada.
ainda gosto muito dela... é o que importa...