16.01.2000
"como já o fazia à duas semanas, nessa tarde fui visitar a minha avó.
vou ao seu encontro sem preocupações, não queria sequer por essa hipótese.
entro no hospital, olho em volta, e sinto-me mais triste...
desde miudo que conhecia aquele átrio, sempre me tinha deixado assim.
... estou na porta do quarto, que partilhava com mais cinco mulheres.
está deitada, com os olhos meio fechados, ao seu lado está a irmã,
a irmã mais nova, a sua confidente e amiga duma vida inteira.
à medida que me aproximo da cama, vejo as lágrimas na cara
da minha tia-avó, olho para a minha avó, deitada na cama...
olha o vazio, não consegue falar, mal se consegue mexer
quando um dia antes estava lúcida e capaz de continuar a amar.
fico sozinho com ela, muito depois da hora de visitas,
não consigo conter as lágrimas, agarro a sua mão para que perceba
qua não está sozinha... eu estou lá, como sempre estive.
decido ir dar uma volta, precisava de apanhar ar e chorar...
nunca me tinha demorado tanto... porque é que tinha de ser desta vez?
volto ao seu quarto mas antes de lá chegar, reparo que estão
algumas pessoas à porta do quarto, não me queria aproximar...
vejo a ser transportada na cama para outro quarto e imediatamente percebi.
nunca senti tão mal como nesse momento... vai ficar comigo para sempre"
"
...with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
Silent silence.
This is my final fit,
my final bellyache,
with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please...
"
Radiohead - No Surprises