"o sol está a nascer...
o silêncio da noite cede o seu lugar ao barulho
dos autocarros velhos, que começam o seu vai e vem diário.
já não está tanto frio, tira o casaco devagar, não tem pressa.
as ruas começam a acordar...
está sentada num banco de jardim, olha o chão como se olhasse o fundo de um poço.
os cabelos finos e loiros cobrem lhe a cara marcada de dor.
está sozinha, percebeu à pouco que sempre foi assim...
queria se sentir amada...
observa um grupo de crianças, que brincam, a caminho da escola.
que inveja... sem preocupações, com um sorriso rápido e genuino.
já não consegue sorrir, o peso da sua existência não a deixa sorrir.
sento me ao lado dela...
agarro lhe a mão magra, levo a até ao meu peito.
com surpresa olha para mim, os olhos pequenos fitam os meus...
aperta me a mão com todas as forças que ainda tem... beijamo nos..."